O Dia dos Prodígios
Um personagem
levantou-se e disse. Isto é uma história. E eu disse. Sim. É uma história.
Por isso podem ficar tranquilos nos seus postos. A todos atribuirei os
eventos previstos, sem que nada sobrevenha de definitivamente grave. Outro
ainda disse. E falamos todos ao mesmo tempo. E eu disse. Seria bom para
que ficasse bem claro o desentendimento. Mas será mais eloquente. Para os
que crêem nas palavras. Que se entenda o que cada um diz. Entrem devagar.
Enquanto um pensa, fala e se move, aguardem os outros a sua vez. O breve
tempo de uma demonstração.
Lídia Jorge (1995). O Dia dos Prodígios (7.ª edição).
Lisboa: Dom Quixote, p. 9.
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