segunda-feira, 17 de março de 2014

Lídia Jorge

O Dia dos Prodígios

Um personagem levantou-se e disse. Isto é uma história. E eu disse. Sim. É uma história. Por isso podem ficar tranquilos nos seus postos. A todos atribuirei os eventos previstos, sem que nada sobrevenha de definitivamente grave. Outro ainda disse. E falamos todos ao mesmo tempo. E eu disse. Seria bom para que ficasse bem claro o desentendimento. Mas será mais eloquente. Para os que crêem nas palavras. Que se entenda o que cada um diz. Entrem devagar. Enquanto um pensa, fala e se move, aguardem os outros a sua vez. O breve tempo de uma demonstração. 



Lídia Jorge (1995). O Dia dos Prodígios (7.ª edição). Lisboa: Dom Quixote, p. 9.

Sem comentários:

Enviar um comentário