quinta-feira, 30 de junho de 2011

Rui Nunes, "chegada:"


chegada:

abro a porta: espera-me o cansaço
de uma casa acabada.
Os passos tinham um desígnio
quando me sentava à janela
a ver a chuva a bater nas oliveiras
e a arvéola a recolher-se no telhado da varanda.
Tu empurravas a porta:
o som:
animal da tua passagem.
E eu reconhecia-te
na sombra trémula do lume
:
os ratos são as horas
da noite, sons da casa
a ruir: a insónia soletra
os números da morte


regressa límpido da viagem:
o silêncio é a história que tem para contar.
 

Rui Nunes (2011). A Mão do Oleiro. Lisboa: Relógio d’Água Editores. pp.31-32.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Rui Nunes, "partida:"

partida:

procura. Um gesto procura. A luz.
Nas leiras, a terra endureceu, esmagou as raízes
e o ar tornou quebradiços os troncos das faias.
No cais, a criança estende os braços para o vento. E corre :
a memória de outros passos é um animal que não pode morrer.
Ela não sabe que a sua corrida é inútil,
que não há um fim para a morte:
como um lobo paciente, o cais
percorre o silêncio interminável dos predadores
:
pontes atravessam linhas. E perdem-se.
Todos os pontos são de fuga. Todas as pontes.
Vozes e vultos confundem-se.
Junto à linha férrea, anda uma criança.
Deixou para trás um espião,
uma casa desabitada, com a sua transparência.
E, aflita, pergunta.
Alguém responde.
Alguém.
E reata-se o sentido mais frágil:
qualquer voz tem a mudez tão perto.
:
rasgão a rasgão, o caminho abre-se.
Mas que sabe ela de cada novo passo?
Como a libélula ressequida pelo sol,
a palavra inicial tornou-se um invólucro
que só lhe devolve o medo.
Pai, pai: grita. Para esgotar todos os nomes da morte.
Pai, porque me abandonaste?
:
afasta-se, por uma noite sem Deus.
Ansiosa, procura
entre coisas, uma pausa, entre bichos diligentes,
o sentido de uma fuga, uma raiva que dê
à pedra a sua pedra,
ao caminho o seu caminho,
e destrua a película que encerra
o eco de um desmoronamento, a ruína
sob a indiferença irradiante.

Rui Nunes (2011). A Mão do Oleiro. Lisboa: Relógio d’Água Editores. pp.8-9.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Samuel Beckett, Excerto de "Waiting for Godot"

ESTRAGON:
People are bloody ignorant apes.
He rises painfully, goes limping to extreme left, halts, gazes into distance off with his hand screening his eyes, turns, goes to extreme right, gazes into distance. Vladimir watches him, then goes and picks up the boot, peers into it, drops it hastily.
VLADIMIR:
Pah!
He spits. Estragon moves to center, halts with his back to auditorium.
ESTRAGON:
Charming spot. (He turns, advances to front, halts facing auditorium.) Inspiring prospects. (He turns to Vladimir.) Let's go.
VLADIMIR:
We can't.
ESTRAGON:
Why not?
VLADIMIR:
We're waiting for Godot.
ESTRAGON:
(despairingly). Ah! (Pause.) You're sure it was here?
VLADIMIR:
What?
ESTRAGON:
That we were to wait.
VLADIMIR:
He said by the tree. (They look at the tree.) Do you see any others?
ESTRAGON:
What is it?
VLADIMIR:
I don't know. A willow.
ESTRAGON:
Where are the leaves?
VLADIMIR:
 It must be dead.
ESTRAGON:
No more weeping.
VLADIMIR:
Or perhaps it's not the season.
ESTRAGON:
Looks to me more like a bush.
VLADIMIR:
A shrub.
ESTRAGON:
A bush.
VLADIMIR:
A—. What are you insinuating? That we've come to the wrong place?
ESTRAGON:
He should be here.
VLADIMIR:
He didn't say for sure he'd come.
ESTRAGON:
And if he doesn't come?
VLADIMIR:
We'll come back tomorrow.

Excerto do Acto I da peça Waiting for Godot, de Samuel Beckett, estreada em Janeiro de 1953, no Théâtre de Babylone, em Paris. Disponível em http://www.samuel-beckett.net/Waiting_for_Godot_Part1.html

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Jorge Luís Borges, "Prólogo"

Ninguém pode estranhar que o primeiro dos elementos, o fogo, não abunde no livro de um homem de oitenta e muitos anos. Uma rainha, na hora da sua morte, diz que é fogo e ar; eu costumo sentir que sou terra, cansada terra. Continuo, no entanto, a escrever. Que outra sina me resta, que outra formosa sina me resta? A felicidade de escrever não se mede pelas virtudes ou fraquezas. Toda a obra humana é precária, afirma Carlyle, mas não o é a sua feitura.
         Não professo qualquer estética. Cada obra confia ao seu escritor a forma que procura: o verso, a prosa, o estilo barroco ou chão. As teorias podem ser admissíveis estímulos (recordemos Whitman) mas contudo podem engendrar monstros ou meras peças de museu. Lembremos o monólogo interior de Joyce ou o terrivelmente incómodo Polifemo.
         Com o correr dos anos, observei que a beleza, tal como a felicidade, é frequente. Não se passa um dia em que não estejamos, um instante, no paraíso. Não há poeta, por medíocre que seja, que não tenha escrito o melhor verso da literatura, mas também os mais infelizes. A beleza não é privilégio de uns quantos nomes ilustres. Seria muito estranho que este livro, que abarca umas quarenta composições, não encerrasse uma única linha secreta, digna de te acompanhar até ao fim.
         Neste livro há muitos sonhos. Declaro que foram dons da noite ou, mais precisamente, da madrugada, e não ficções deliberadas. Apenas me atrevi a acrescentar um ou outro rasgo circunstancial, dos que o nosso tempo exige, depois de Defoe.
         Dito este prólogo numa das minhas pátrias, Genebra.

J.L.B.
9 de Janeiro de 1985.
Jorge Luis Borges (1985). Os Conjurados. Lisboa: Difel. pp. 9-10.

Pode saber mais sobre Borges neste endereço e neste.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Rui Veloso, "Porto Sentido"

Quem vem e atravessa o rio
Junto à serra do Pilar
vê um velho casario
que se estende até ao mar

Quem te vê ao vir da ponte
és cascata, são-joanina
dirigida sobre um monte
no meio da neblina.

Por ruelas e calçadas
da Ribeira até à Foz
por pedras sujas e gastas
e lampiões tristes e sós.

E esse teu ar grave e sério
dum rosto de cantaria
que nos oculta o mistério
dessa luz bela e sombria

Ver-te assim abandonado
nesse timbre pardacento
nesse teu jeito fechado
de quem mói um sentimento

E é sempre a primeira vez
em cada regresso a casa
rever-te nessa altivez
de milhafre ferido na asa

Composição: Carlos Tê / Rui Veloso

quarta-feira, 22 de junho de 2011

terça-feira, 21 de junho de 2011

Manuel da Fonseca, "Noite de Verão"

Quando é no Verão das noites claras
e faz calor dentro da gente,
… aquela menina casadoira,
que mora junto ao largo,
vem à varanda ver a Lua.

Roçando o corpo, devagar,
descem por ela as mãos da noite:
sente-se nua.
Sente-se nua, na varanda,
já tão senhora do seu destino,
sem medo às estrelas nem às mãos da noite
– mas baixa os olhos se algum homem passa…

Manuel da Fonseca, Obra poética, Lisboa, Caminho, 1984 (7ª ed.), p. 124. Publicado pela 1ª vez em 1941, no volume Planície, do Novo Cancioneiro.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sophia de Mello Breyner Andersen, "Soror Mariana - Beja"


Cortaram os trigos. Agora
A minha solidão vê-se melhor

 Sophia de Mello Breyner Andresen (2004). Cem Poemas de Sophia. Paço de Arcos: Visão / JL, p. 93.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Miguel Sousa Tavares, "No teu deserto" (fragmento)

Na verdade, o deserto não existe: se tudo à sua volta deixa de existir e de ter sentido, só resta o nada. E o nada é o nada: conforme se olha, é a ausência de tudo, ou, pelo contrário, o absoluto. Não há cidades, não há mar, não há rios, não há sequer árvores ou animais. Não há música, nem ruído, nem som algum, excepto o do vento de areia quando se vai levantando aos poucos – e esse é assustador. Será assim a morte, também, Cláudia?
Quando um de nós ficava parado a contemplar o deserto, o outro não deveria dizer nada. Tudo o que se pudesse dizer, naquelas alturas, ali, em frente ao nada ou ao absoluto, seria tão inútil que só poderia vir de uma alma fútil. Tudo o que se diz de desnecessário é estúpido, é um sinal destes tempos estúpidos em que falamos mais do que entendemos. No deserto, não há muito a dizer: o olhar chega e impõe o silêncio. Mas, naqueles dias, eu estava sempre com pressa. Alguém tinha de estar sempre com pressa e coubera-me a mim, por função. Só não tinha pressa à noite, depois de montado o acampamento, cozinhado o jantar, revisto e arrumado o jipe e de ter passado para um caderno as notas do trabalho do dia e quando, enfim, me sentava com os outros à lareira a olhar as estrelas do Sahara.
Um dia, porém, depois de mais uma paragem para colher imagens, ao regressar ao jipe vi que tinhas ficado ao lado da pista, a olhar em frente, como se te tivesses desligado de tudo. Ia gritar-te, buzinar-te, quando qualquer coisa na maneira como tu estavas em pé a olhar o deserto, qualquer coisa na maneira como tinhas as mãos enfiadas nos bolsos, a cabeça ligeiramente inclinada de lado, o cabelo varrido pelo vento, me fez ficar quieto ao volante. E fiquei assim a observar-te até que tu te virasses e visses que estava à tua espera. Aprendi que é preciso dar tempo aos outros para olharem. Se não fosse para isso, porque teríamos nós vindo ao deserto?
Muitos anos mais tarde, neste ano em que escrevo esta história, estava num fim do mundo, junto ao rio Guadiana, num sítio tão vazio quanto deserto, lá em baixo, no Alentejo. Estava a recuperar o fôlego de uma longa caminhada e tinha-me sentado numa pedra a olhar o rio que corria no fundo do desfiladeiro. Creio que estaria como tu estavas naquele dia, o mesmo olhar perplexo perante a vastidão daquele cenário: há alturas em que a beleza é tão devastadora que magoa. Devia haver qualquer coisa na forma como eu olhava aquela paisagem, todo aquele despojamento humano, que fez com que o alentejano que estava comigo, e que antes tinha sido pastor naqueles vales, comentasse:
– A terra pertence ao dono, mas a paisagem pertence a quem a sabe olhar.
E era assim connosco naqueles dias, também. Éramos donos do que víamos: até onde o olhar alcançava, era tudo nosso. E tínhamos um deserto inteiro para olhar.
Desenho de Charles de Foucauld (1856-1916)

Miguel Sousa Tavares (2009). No teu deserto. Alfragide: Oficina do Livro. pp. 49-51

quinta-feira, 16 de junho de 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Vinícius de Moraes, "Poema Enjoadinho"

Filhos...  Filhos?
Melhor não tê-los!
Mas se não os temos
Como sabê-lo?
Se não os temos
Que de consulta
Quanto silêncio
Como os queremos!
Banho de mar
Diz que é um porrete...
Cônjuge voa
Transpõe o espaço
Engole água
Fica salgada
Se iodifica
Depois, que boa
Que morenaço
Que a esposa fica!
Resultado: filho.
E então começa
A aporrinhação:
Cocô está branco
Cocô está preto
Bebe amoníaco
Comeu botão.
Filhos?  Filhos
Melhor não tê-los
Noites de insônia
Cãs prematuras
Prantos convulsos
Meu Deus, salvai-o!
Filhos são o demo
Melhor não tê-los...
Mas se não os temos
Como sabê-los?
Como saber
Que macieza
Nos seus cabelos
Que cheiro morno
Na sua carne
Que gosto doce
Na sua boca!
Chupam gilete
Bebem shampoo
Ateiam fogo
No quarteirão
Porém, que coisa
Que coisa louca
Que coisa linda
Que os filhos são!



In Vinícius de Moraes (1960). Antologia Poética. Rio de Janeiro: Editora do Autor. p. 195. Disponível em http://www.releituras.com/viniciusm_enjoado.asp.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Inês Snyckers, "The Cage"

I looked outside my window in the morning. It was a glorious day, with skies of endless blue and birds chirping happily and free, drifting on the breeze. It was beautiful and scary. I quickly closed the curtains. My room was small, dark, dusty and messy, but those walls that engulfed me gave me all the safety I needed. It was enough for me, and I hadn’t gone outside that room for ten long years. My books gave me freedom equivalent to that of the birds that flew outside my window in the mornings, and for me it was pure bliss. Every time I read one, it was as if the door to my cage had been opened.

One day, a huge storm rustled in the trees and bushes until dawn. When I woke up, the silence or absence of birds startled me and, despite my fear, I approached my window. I flung open the dark brown curtains, and before me there stood a young boy. He was perhaps an elementary student, and shouldn’t have been older than seven. His hair was messy and hid most of his freckled face, while water drops fell from his shorts onto his bare feet.

He did not mouth a single word. He just stood there silently, staring at me, as if he was beckoning me to follow him. He waited there and I stood as motionless as him. I wanted to leave, I really did, but the fear of that open field and endless skies kept me from doing so. We stared at each other for what seemed like hours and then, with a fast precise but gentle gesture, the little boy held his hand to me.

The walls suddenly felt tight, and the air was suffocating. I couldn’t breathe. I opened my window and held the hand stretched out towards me. From that moment I felt free.

(Inédito) Beja, 05.01.2011
Nota: Inês Snyckers é aluna do 1º ano do curso de Artes Plásticas e Multimédia do IPBeja.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fernando Pessoa, "Santo António"


Nasci exactamente no teu dia –
Treze de Junho, quente de alegria,
Citadino, bucólico e humano,
Onde até esses cravos de papel
Que têm uma bandeira em pé quebrado
Sabem rir…
Santo dia profano
Cuja luz sabe a mel
Sobre o chão de bom vinho derramado!

Santo Antonio, és portanto
O meu santo,
Se bem que nunca me pegasses
Teu franciscano sentir,
Catholico, apostólico e romano.

(Reflecti.
Os cravos de papel creio que são
mais propriamente, aqui,
Do dia de S. João…
Mas não vou escangalhar o que escrevi.
Que tem um poeta com a precisão?)

Adeante… Ia eu dizendo, Santo Antonio,
Que tu és meu santo sem o ser.
Por isso o és a valer,
Que é essa a santidade boa,
A que fugiu deveras ao demonio.
És o santo das raparigas,
És o santo de Lisboa,
És o santo do povo.
Tens uma aureola de cantigas,
E então
Quanto ao teu coração –
Está sempre aberto lá o vinho novo.

Dizem que foste um prègador insigne,
Um austero, mas de alma ardente e anciosa,
Etcetera…
Mas qual de nós vae tomar isso à letra?
Que de hoje em deante quem o diz se digne
Deixar de dizer isso ou qualquer outra cousa.

Qual santo! Olham a árvore a olho nu
E não a vêem, de olhar só os ramos.
Chama-se a isto ser doutor
Ou investigador.

Qual Santo Antonio! Tu és tu.
Tu és tu como nós te figuramos.

Valem mais que os sermões que deveras prègaste
As bilhas que talvez não concertaste.
Mais que a tua longinqua santidade
Que até já o Diabo perdoou,

Mais que o que houvesse, se houve, de verdade
No que – aos peixes ou não – a tua voz prègou,
Vale este sol das gerações antigas
Que acorda em nós ainda as semelhanças
Com quando a vida era só vida e instincto,
As cantigas,
Os rapazes e as raparigas,
As danças
E o vinho tinto.

Nós somos todos quem nos faz a história.
Nós somos todos quem nos quer o povo.
O verdadeiro titulo de gloria,
Que nada em nossa vida dá ou traz
É haver sido taes quando aqui andámos,
Bons, justos, naturaes em singeleza,
Que os descendentes dos que nós amámos
Nos promovem a outros, como faz,
Com a imaginação que ha na certeza,
O amante a quem ama,
E o faz um velho amante sempre novo.
Assim o povo fez contigo
Nunca foi teu devoto: é teu amigo,
Ó eterno rapaz.

(Qual santo nem santeza!
Deita-te noutra cama!)
Santos, bem santos, nunca têm belleza.
Deus fez de ti um santo ou foi o Papa?...
Tira lá essa capa!
Deus fez-te santo! O Diabo, que é mais rico
Em fantasia, promoveu-te a mangerico.

[…]

És este, e este és tu, e o povo é teu –
O povo que não sabe onde é o céu,
E nesta hora em que vae alta a lua
Num placido e legitimo recorte,
Atira risos naturaes à morte,
E cheio de prazer que mal é seu,
Em canteiros que andam enche a rua.

Sê sempre assim, nosso pagão encanto,
Sê sempre assim!
Deixa lá Roma entregue à intriga e ao latim,
Esquece a doutrina e os sermões.
De mal, nem tu nem nós mereciamos tanto.
Foste Fernando de Bulhões,
Foste Frei Antonio –
Isso sim.
Porque demónio
É que foram pregar contigo em santo?

In Pessoa (1986). Santo António São João São Pedro. Lisboa: A Regra do Jogo, Ed. Pp. 99-103. (Foi mantida a grafia do original)

Aniversário do nascimento de Fernando Pessoa

No dia do nascimento de Fernando Pessoa, convidamo-lo a visitar o seu espólio, neste endereço.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

António Ramos Rosa, "O funcionário cansado"

O funcionário cansado

A noite trocou-me os sonhos e as mãos
dispersou-me os amigos
tenho o coração confundido e a rua é estreita
estreita em cada passo
e as casas engolem-nos
sumimo-nos
estou num quarto só num quarto só
com os sonhos trocados
com toda a vida às avessas a arder num quarto só

Sou um funcionário apagado
um funcionário triste
a minha alma não acompanha a minha mão
Débito e Crédito Débito e Crédito
a minha alma não dança com os números
tento escondê-la envergonhado
o chefe apanhou-me com o olho lírico na gaiola do quintal em frente
e debitou-me na minha conta de empregado
Sou um funcionário cansado dum dia exemplar
Porque não me sinto orgulhoso de ter cumprido o meu dever?
Porque me sinto irremediavelmente perdido no meu cansaço?

Soletro velhas palavras generosas
Flor rapariga amigo menino
irmão beijo namorada
mãe estrela música
São as palavras cruzadas do meu sonho
palavras soterradas na prisão da minha vida
isto todas as noites do mundo uma noite só comprida
num quarto só
António Ramos Rosa (1989). Obra Poética. Volume I. Coimbra: Fora do Texto, p. 8.


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Jean Gourmelin, "Le Travail"

Jean Gourmelin (2008). Le Travail. In Les Univers de J. Gourmelin.  Paris: le cherche midi, p. 82.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Almada Negreiros, sem título

José de Almada Negreiros (2002). Sem título. In Ficções. Lisboa: Assírio e Alvim, p. 169
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