OS NOSSOS DEDOS
Sophia de Mello Breyner Andresen
Os nossos dedos abriram mãos fechadas
Cheias de perfume
Partimos à aventura através de vozes e de gestos
Pressentimos paixões como paisagens
E cada corpo era um caminho
Mas um se ergueu tomando tudo
E escorreram asas dos seus braços.
Florestas, pântanos e rios
Viajámos imóveis debruçados,
Enquanto o céu brilhava nas janelas.
E a cidade partiu como um navio
Através da noite.
Sophia de Mello Breyner Andresen (1991). Obra Poética I (2ª Ed.). Lisboa: Editorial Caminho. p. 160.
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