quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Um chá para Alice

Museu Calouste Gulbenkian
Exposição abre dia 1 de novembro

 

    Pormenor: Maggie Taylor (EUA), Always tea time
     (Colagem digital, 2008)


Celebrar a figura central do clássico de Lewis Carroll através de algumas das mais sugestivas ilustrações contemporâneas é o propósito da exposição Um Chá para Alice que a Fundação apresenta na sala de Exposições Temporárias (piso 01).
A exposição reúne uma centena de originais de alguns dos melhores ilustradores contemporâneos – 21 autores de 15 países –, que apresentam o seu olhar único sobre uma obra que sempre constituiu uma inesgotável fonte de inspiração de artistas de todo o mundo: Alice no País das Maravilhas. O eixo central da exposição é o emblemático episódio do chá do Chapeleiro Maluco e da Lebre de Março que inspirou ilustrações tão diversas quantos os autores presentes, e que serão mostradas em mesas desenhadas para o efeito. Serão, ao todo, 21 mesas – uma por cada ilustrador – com formas e alturas distintas, formando uma espécie de lagarta louca, onde todas ilustrações estarão expostas.

A mostra foi estreada este verão no Story Museum, em Oxford, cidade que viu nascer esta narrativa há 150 anos e que veio a tornar-se um dos contos mais universais e intemporais de sempre, hoje traduzido para mais de uma centena de idiomas.
Imaginada por Ju Godinho e Eduardo Filipe, e apoiada pela Fundação Calouste Gulbenkian, a exposição propõe mostrar várias representações visuais contemporâneas deste conto, que teve como primeiro ilustrador o próprio Lewis Carroll, que encheu o manuscrito original de desenhos. A partir daí, sucederam-se as mais diversas ilustrações até aos nossos dias. Algumas das mais notáveis podem ser agora vistas na Fundação até 10 de fevereiro.
Os artistas representados são Alain Gauthier, Lucie Laroche, Nicole Claveloux e Rebecca Dautrement (França), Anthony Browne, Helen Oxenbury e John Vernon Lord (Reino Unido), Chiara Carrer e Lisa Nanni (Itália), Anne Herbauts (Bélgica), Dusan Kallay (Eslováquia), Iban Barrenetxea (Espanha), Joanna Concejo (Polónia), Klaus Ensikat (Alemanha), Lisbeth Zwerger (Áustria), Maggie Taylor (EUA), Narges Mohammadi (Irão), Nelson Cruz (Brasil), Suzy Lee (Coreia do Sul), Teresa Lima (Portugal) e Vladimir Clavijo (Rússia).

As imagens de cada um deles transportam o espectador para uma dimensão paralela ao texto, uma dimensão visual feita de cores, formas, texturas e relações volumétricas. Através da visão e da arte de cada artista o público é levado a revisitar episódios e personagens, a comparar estilos, escolas e técnicas, a reconhecer influências culturais e a descobrir novas interpretações.
A estreita colaboração com a Biblioteca de Munique permite incluir nesta mostra um grande número de edições antigas e modernas deste conto que podem ser consultadas pelo público.


Um Chá para Alice

1 novembro 2012 / 10 fevereiro 2013
Edifício Sede – entrada livre

Informação disponível no site do Museu CalousteGulbenkian
Páginas Paralelas:

Lewis Carroll’s Alice’s Adventures in Wonderland, published online by Project Gutenberg 
Lewis Carroll’s Through the Looking Glass (And What AliceFound There), published online by Project Gutenberg 

Lewis Carroll’s Alice’s Adventures in Wonderland, with the original illustrations by Sir John Tenniel, ebook published by The University of Adelaide Library 

Lenny’s Alice in Wonderland site



terça-feira, 30 de outubro de 2012


As idades do mar
Nova exposição do Museu Calouste Gulbenkian

A partir do dia 26 de Outubro, o Museu Gulbenkian apresenta uma exposição centrada nas representações físicas e simbólicas do Mar ao longo de quatro séculos da pintura ocidental (séculos XVI-XX), por artistas como Turner, Friedrich, Ingres, Guardi, Bocklin, Constable, Lorrain, Monet, Courbet, Klee, Dufy, De Chirico, Manet ou Van Goyen, entre muitos outros. A pintura portuguesa estará representada por nomes como Amadeo, Vieira da Silva, Sousa Lopes, Noronha da Costa, António Carneiro ou João Vaz.

Com curadoria de João Castel-Branco Pereira, diretor do Museu Gulbenkian, As Idades do Mar reúne 108 obras vindas de meia centena de instituições nacionais e estrangeiras e conta com mais de uma dezena de peças da coleção do Museu d’Orsay.

A abrir a exposição estará A Largada do Bucentauro de Francesco Guardi, obra pertencente à coleção do Museu Gulbenkian e que sintetiza as linhas programáticas da mostra representando um ritual que se cumpria anualmente na cidade de Veneza que simbolizava o casamento entre a Terra e o Mar.

A exposição desenvolve-se, a partir daí, em seis núcleos distintos: A Idade dos Mitos; A Idade do Poder; A Idade do Trabalho; A Idade das Tormentas; A Idade Efémera; A Idade Infinita.

Em torno da exposição realizam-se três conferências sobre iconografia do mar na azulejaria, na tapeçaria e na pintura, nos dias 5, 12 e 26 de novembro, às 18h, no Auditório 3.


Fundação Calouste Gulbenkian
Sala de Exposições Temporárias da Sede 26 de outubro 2012 - 27 de janeiro 2013
10h-18h

Informação disponível no site do Museu Calouste Gulbenkian


Páginas Paralelas:
Mar

Um livro que é um “actividário” (actividades + abecedário), segundo os autores, que apresentam assim a co-autoria: textos de Ricardo Henriques, “com bitaites de André Letria”; ilustrações de André Letria, “com alvitres de Ricardo Henriques”. (Fonte: Público, 27.10.2012, p. 37)

 
Capa disponível em http://www.pato-logico.com/mar/
 


segunda-feira, 29 de outubro de 2012


Paulo Monteiro
Autor em destaque no 23º Amadora BD

Cartaz do Festival, da autoria de Paulo Monteiro
Paulo Monteiro nasceu em Vila Nova de Gaia em 1967. A partir dos 13 anos começou a ilustrar fanzines de poesia, cartazes e murais. Depois de desistir da admissão às Belas-Artes, matriculou-se em Letras, na Universidade de Lisboa, em 1987. Durante esse período estudou Pintura e Cenografia para Teatro. Quando se licenciou, em 1991, foi viver para Beja, onde ainda vive. Tem um filho: Manuel.
Teve (e tem) interesses e actividades muito diferentes: trabalhou nas vindimas, passou filmes de Buster Keaton e Charlot de terra em terra, escreveu para a rádio e para os jornais, trabalhou no Cais Marítimo de Alcântara, compôs músicas, tocou guitarra em lares, foi professor de Geografia e Ciências da Natureza, fez cenários e figurinos para teatro, fez teatro de sombras chinesas e teatro de fantoches, participou em escavações arqueológicas, etc., etc. Também fez a curadoria de dezenas de exposições de escultura, ilustração, pintura antiga e contemporânea, etc.
Escreveu e publicou três fanzines de poesia: Poemas (1988), Poemas a andar de carro (2003) e Poemas Japoneses (2005).
Viaja regularmente pelo Sul de Portugal visitando escolas em pequenas vilas e cidades para falar de banda desenhada.
Desde 2005 que faz a direcção da Bedeteca de Beja e do Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, por onde têm passado alguns dos mais excitantes autores de banda desenhada da actualidade como Craig Thompson, Dave McKean, David B., Gipi, Lorenzo Mattotti ou Miguelanxo Prado, entre muitos outros.
Foi também a partir de 2005 que se começou a dedicar essencialmente à banda desenhada, como autor…
A partir dessa altura publicou várias bandas desenhadas curtas em Portugal, no Brasil, na Colômbia e em Espanha. Realizou e participou em várias exposições de banda desenhada, essencialmente em Portugal, mas também no Brasil, Espanha, França, Itália e Roménia.
O seu primeiro livro, O Amor Infinito que te tenho, publicado pela Polvo em 2010, ganhou o Prémio Melhor Álbum Português Amadora BD 2011, e o Prémio Melhor Publicação Independente Central Comics 2011.
O Amor Infinito que te tenho será publicado em 2013 pela Blank Slate Books, no Reino Unido e na Irlanda, pela Balão Editorial, no Brasil, e pela Timof, na Polónia.
Neste momento encontra-se a trabalhar no segundo livro, que deverá estar concluído no final de 2015.
Biografia disponível no site do 23º Festival Internacional de Banda Desenhada da Amadora2012
 

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943-2012)

Havia uma flor!
Nem eu sabia
onde é que a flor havia,
mas tanto fazia.

Talvez houvesse
onde ninguém soubesse
ou fosse uma flor de estar a haver
só na minha imaginação,
ou não fosse uma flor, fosse uma canção.

Nem a flor sabia
que existia.
Em qualquer sítio, sem saber, floria.
E se fosse uma canção cantava e não se ouvia.

E isso acontecia
no meu coração.
Não sei se era uma flor se uma melodia,
era qualquer coisa que havia,
e cantava e floria,
dentro de mim sem razão.

Ia pela rua e ninguém diria.
As pessoas passavam
e eu dizia:
"Bom dia!"
E ninguém suspeitava
o bom dia que fazia
em qualquer sítio
que dentro de mim havia!
Só eu sabia e sorria,
Levando-te pela mão.

Manuel António Pina (1995). O Tepluquê e outras histórias. Porto: Edições Afrontamento

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943-2012)

Não desfazendo


Nada do que existe
nos cai do céu na cabeça.
Nem a chuva, embora pareça:
até ela estava cá em baixo a existir
antes de ser chuva e cair!

Mais ou menos perfeito ou imperfeito,
tudo o que existe foi feito
e, antes de ser feito, desfeito.

Com água, luz e vento
a Terra se foi fazendo;
o distante Sol está ardendo
há milhões de anos e morrendo.
O lavrador deitou à terra a semente,
o operário fez a enxada e a charrua,
o cantor canta no palco, o actor actua,
o inventor inventa o inexistente.
Foi feita a cama,
feito o pijama,
com fogo e esforço
se fez o almoço.
Quem faz agora este alvoroço
toda a tarde a brincar e a correr
enchendo de alegria a casa inteira?
Oh, que é feito do tempo da brincadeira 
em que não havia nada que fazer?
Manuel António Pina (2005) O Pássaro da Cabeça.
V. N. de Famalicão: Quasi Edições: s.p.; ilustrações de Joana Quental

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Via Poema Possível



Primeiro abre-se a porta
por dentro sobre a tela imatura onde previamente
se escreveram palavras antigas: o cão, o jardim impresente,
a mãe para sempre morta.

Anoiteceu, apagamos a luz e, depois,
como uma foto que se guarda na carteira,
iluminam-se no quintal as flores da macieira
e, no papel de parede, agitam-se as recordações.

Protege-te delas, das recordações,
dos seus ócios, das suas conspirações;
usa cores morosas, tons mais-que-perfeitos:
o rosa para as lágrimas, o azul para os sonhos desfeitos.

Uma casa é as ruínas de uma casa,
uma coisa ameaçadora à espera de uma palavra;
desenha-a como quem embala um remorso,
com algum grau de abstracção e sem um plano rigoroso.

(in Como se desenha uma casa; Assírio & Alvim, 2011)
Página paralela

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Manuel António Pina (1943-2012)

Via Ler
 
[AOS MEUS LIVROS]

Chamaram-vos tudo, interessantes, pequenos, grandes,
ou apenas se calaram, ou fecharam os longos ouvidos
à vossa inútil voz passada
em sujos espelhos buscando
o rosto e as lágrimas que (eu é que sei!)
me pertenciam, pois era eu quem chorava.

Um bancário calculava
que tínheis curto saldo
de metáforas; e feitas as contas
(porque os tempos iam para contas)
a questão era outra e ainda menos numerosa
(e seguramente, aliás, em prosa).

Agora, passando ainda para sempre,
olhais-me impacientemente;
como poderíamos, vós e eu, escapar
sem de novo o trair, a esse olhar?
Levai-me então pela mão, como nos levam
os filhos pela mão: sem que se apercebam.

Partiram todos, os salões onde ecoavam
ainda há pouco os risos dos convidados
estão vazios; como vós agora, meus livros:
papéis pelo chão, restos, confusos sentidos.
E só nós sabemos
que morremos sozinhos.
(Ao menos escaparemos
à piedade dos vizinhos)

[Poesia, Saudade da Prosa - uma antologia pessoal, Assírio & Alvim, 2011]
Fotografia de Pedro Loureiro

Provérbios portugueses / Portuguese Sayings

Via Público - P3: «Que o português é "tricky", já o sabíamos. E que tal testar esta expressiva manha lexical na língua inglesa? Torna-se num passatempo hilariante, certamente, e começamos, quase inconscientemente, à espera que alguém duvide das nossas capacidades só para poder dizer "It's too many years turning chickens!" Ou, numa ocasião mais tempestuosa, vociferar "Go to the broad beans!" Numa altura em que tanto se fala da internacionalização dos produtos portugueses (e dos próprios portugueses), Luís Santos resolveu criar a página "Portuguese Sayings", que apresenta provérbios, expressões idiomáticas e frases já míticas (de Scolari a Hélio Imaginário) traduzidos para inglês. Será que "old donkey does not learn languages"? Em resumo: "It's good wave!"»

sexta-feira, 19 de outubro de 2012


Dulce Maria Cardoso

O Retorno

Mas na metrópole há cerejas. Cerejas grandes e luzidias que as raparigas põem nas orelhas a fazer de brincos. Raparigas bonitas como só as da metrópole podem ser. As raparigas daqui não sabem como são as cerejas, dizem que são como as pitangas. Ainda que sejam, nunca as vi com brincos de pitangas a rirem-se umas com as outras como as raparigas da metrópole fazem nas fotografias.
A mãe insiste para que o pai se sirva da carne assada. A comida vai estragar-se, diz, este calor dá cabo de tudo, umas horas e a carne começa a esverdear, se a ponho na geleira fica seca como uma sola. A mãe fala como se hoje à noite não fôssemos apanhar o avião para a metrópole, como se amanhã pudéssemos comer as sobras da carne assada dentro do pão, no intervalo grande do liceu. Deixa-me, mulher. Ao afastar a travessa o pai derruba a cesta do pão. A mãe endireita-se e ajeita as côdeas com o mesmo cuidado com que todas as manhãs ordena os comprimidos antes de os tomar. O pai não era assim antes de isto ter começado. Isto são os tiros que se ouvem no bairro acima do nosso. E as nossas quatro malas por fechar na sala.

Dulce Maria Cardoso (2011). O Retorno. Lisboa: Tinta-da-China. p. 7.

quarta-feira, 17 de outubro de 2012


Benjamin Zephaniah

Terrible World

I've seen streets of blood
Redda than red
There waz no luv
Just bodies dead
And I think to myself
What a terrible world.

I've seen pimps and priests
Well interfused
Denying peace
To the kids they abuse
And I think to myself
What a terrible world.

The killer who's the hero
The rapist who's indoors
The trade in human cargo
And dead poets on tours
I've seen friends put in jail
For not being rich
And mass graves made
From a football pitch.

I've seen babies scream
Nobody cared
Civilians starve
Whilst troops are prepared
And I think to myself
What a terrible world
Yes I think to myself
What a terrible world.


I do love Louis Armstrong’s work but I thought I should walk the same road and see things from a different point of view.


Página Paralela: 

Saiba mais sobre Benjamin Zephaniah aqui


Fonte: Benjamin Zephaniah (1996). «Terrible World». In Propa Proganda. Newcastle upon Tyne: Bloodaxe. p. 13.

terça-feira, 16 de outubro de 2012


Livro com prazo de validade: tens 60 dias para o ler

Mariana Correia Pinto 


Editora argentina criou um livro cujas letras desaparecem com o tempo. Objectivo é incentivar a leitura e não deixar os livros (e os novos autores) à espera.


Consumir em dois meses depois de abrir. A recomendação é digna de qualquer produto alimentar, mas, desta feita, é dada por uma editora de livros. A Eterna Cadencia lançou, em Junho, a colecção o “Livro que não pode esperar”, uma compilação de textos de autores latino-americanos.

O título explica, literalmente, do que se trata: um livro que, depois de aberto, sobrevive apenas por 60 dias. A ideia é possível graças à impressão com uma tinta especial que vai desaparecendo com o contacto com a luz e o ar, até se transformar num livro completamente em branco.

Com esta colecção dedicada a novos autores, a Eterna Cadencia não procura propriamente lucro: o livro foi posto à venda por uma preço simbólico de dois pesos argentinos (cerca de 35 cêntimos) e, como era previsível, a procura superou largamente a oferta, tendo esgotado de forma muito rápida.

“Os livros são objectos muito pacientes: compramo-los e eles esperam por nós para serem lidos, dias, meses, até anos”, explica na promoção da iniciativa a editora argentina. Mas e os novos autores? Com esta colecção, a editora garante que eles também não esperem e que sejam mesmo lidos.

É um incentivo à leitura e um desencorajamento à utilização dos livros como peças decorativas: quem comprou o “Livro que não pode esperar” dificilmente arrisca deixar para mais tarde a leitura.


Fonte: Mariana Correia Pinto (2012). «Livro com prazo de validade. Tens 60 dias para o ler». Público. Disponível em: http://p3.publico.pt/cultura/livros/4046/livro-com-prazo-de-validade-tens-60-dias-para-o-ler

segunda-feira, 15 de outubro de 2012


Álvaro de Campos

Começa a haver meia-noite, e a haver sossego,
Por toda a parte das coisas sobrepostas,
Os andares vários da acumulação da vida...
Calaram o piano no terceiro-andar...
Não oiço já passos no segundo-andar...
No rés-do-chão o rádio está em silêncio...
Vai tudo dormir...
Fico sozinho com o universo inteiro.
Não quero ir à janela:
Se eu olhar, que de estrelas!
Que grandes silêncios maiores há no alto!
Que céu anticitadino! —
Antes, recluso,
Num desejo de não ser recluso,
Escuto ansiosamente os ruídos da rua...
Um automóvel! — demasiado rápido! —
Os duplos passos em conversa falam-me
O som de um portão que se fecha brusco dói-me...
Vai tudo dormir...
Só eu velo, sonolentamente escutando,
Esperando
Qualquer coisa antes que durma...
Qualquer coisa...


Fonte: 
Fernando Pessoa (1944). Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Ática, p. 59.
Disponível em:  http://arquivopessoa.net/textos/260


sexta-feira, 12 de outubro de 2012

OS NOSSOS DEDOS
Sophia de Mello Breyner Andresen


Os nossos dedos abriram mãos fechadas
Cheias de perfume
Partimos à aventura através de vozes e de gestos
Pressentimos paixões como paisagens
E cada corpo era um caminho
Mas um se ergueu tomando tudo
E escorreram asas dos seus braços.

Florestas, pântanos e rios
Viajámos imóveis debruçados,
Enquanto o céu brilhava nas janelas.

E a cidade partiu como um navio
Através da noite.

Sophia de Mello Breyner Andresen (1991). Obra Poética I (2ª Ed.). Lisboa: Editorial Caminho. p. 160.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

The Prairie
James Fenimore Cooper

The harvest of the first year of our possession had long been passed, and the fading foliage of a few scattered trees was, already, beginning to exhibit the hues and tints of autumn, when a train of wagons issued from the bed of a dry rivulet, to pursue its course across the undulating surface of what, in the language of the country of which we write, is called a “rolling Prairie.” The vehicles, loaded with household goods and implements of husbandry, the few straggling sheep and cattle that were herded in the rear, and the rugged appearance and careless mien of the sturdy men who loitered at the sides of the lingering teams, united to announce a band of emigrants seeking for the Eldorado of the West. Contrary to the usual practice of the men of their caste, this party had left the fertile bottoms of the low country, and had found its way, by means only known to such adventurers, across glen and torrent, over deep morasses and arid wastes, to a point far beyond the usual limits of civilized habitations. In their front were stretched those broad plains, which extend, with so little diversity of character, to the bases of the Rocky Mountains; and many long and dreary miles in their rear, foamed the swift and turbid waters of La Platte.
The appearance of such a train , in that bleak and solitary place, was rendered the more remarkable by the fact that the surrounding country offered so little that was tempting to the cupidity of speculation, and, if possible, still less that was flattering to the hopes of an ordinary settler of new lands.
The meager herbage of the Prairie promised nothing, in favor of a hard and unyielding soil, over which the wheels of the vehicles rattled as lightly as if they travelled on a beaten road; neither wagons nor beasts making any deeper impression, than to mark that bruised and withered grass, which the cattle plucked, from time to time, and as often rejected, as food too sour, for even hunger to render palatable.
Whatever might be the final destination of these adventurers, or the secret causes of their apparent security in so remote and unprotected a situation, there was no visible sign of uneasiness, uncertainty, or alarm among them. Including both sexes, and every age, the number of the party exceeded twenty.

James Fenimore Cooper (1992). The Prairie. Oxford: Oxford University Press. p. 11. First published in 1827.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

The Life and Adventures of Robinson Crusoe
Daniel Defoe
THE JOURNAL
September 30, 1659. I, poor miserable Robinson Crusoe, being shipwrecked, during a dreadful storm, in the offing[1], came on shore on this dismal unfortunate island, which I called the Island of Despair, all the rest of the ship’s company being drowned, and my self almost dead.
All the rest of that day I spent in afflicting my self at the dismal circumstances I was brought to, viz. I had neither food, house, clothes, weapon, or place to fly to, and in despair of any relief, saw nothing but death before me, either that I should be devoured by wild beasts, murthered by savages, or starved to death for want of food. At the approach of night, I slept in a tree for fear of wild creatures, but slept soundly tho’ it rained all night.
October 1. In the morning I saw to my great surprise the ship had floated with the high tide, and was driven on shore again much nearer the island, which as it was some comfort on one hand, for seeing her sit upright, and not broken to pieces, I hoped, if the wind abated, I might get on board, and get some food and necessaries out of her for my relief; so on the other hand, it renewed my grief at the loss of my comrades, who I imagined if we had all stayed on board might have saved the ship, or at least that they would not have been all drowned as they were; and that had the men been saved, we might perhaps have built us a boat out of the ruins of the ship, to have carried us to some other part of the world. I spent great part of this day in perplexing my self on these things; but at length seeing the ship almost dry, I went upon the sand as near as I could, and then swam on board; this day also it continued raining, tho’ with no wind at all.
From the 1st of October to the 24th. All these days entirely spent in many several voyages to get all I could out of the ship, which I brought on shore, every tide of flood, upon rafts. Much rain also in these days, tho’ with some intervals of fair weather: but, it seems, this was the rainy season.
Oct. 20. I overset my raft and all the goods I had got upon it, but being in shoal water, and the things being chiefly heavy, I recovered many of them when the tide was out.
Oct. 25. It rained all night and all day, with some gusts of wind, during which time the ship broke in pieces, the wind blowing a little harder than before, and was no more to be seen, except the wreck of her, and that only at low water. I spent this day in covering and securing the goods which I had saved, that the rain might not spoil them.
Oct. 26. I walked about the shore almost all day to find out a place to fix my habitation, greatly concerned to secure my self, from an attack in the night, either from wild beasts or men. Towards night I fixed upon a proper place under a rock, and marked out a semi-circle for my encampment, which I resolved to strengthen with a work, wall, or fortification made of double piles, lined within with cables, and without with turf.
From the 26th to the 30th. I worked very hard in carrying all my goods to my new habitation, tho’ some part of the time it rained exceeding hard.
Daniel Defoe (1978). The Life and Adventures of Robinson Crusoe. Harmondsworth: Penguin Books. pp. 87-88. First published in 1719.


[1] Distant from the shore
Página Paralela:

"He and His Man"
Nobel Lecture by J. M. Coetzee, Nobel Prize in Literature 2003, inspired by Robinson Crusoe

segunda-feira, 8 de outubro de 2012


Gonçalo M. Tavares

O Senhor Kraus

[excerto]

Haviam oferecido ao Chefe (novamente) um mapa do país – já era para aí o quinto ou o sexto. Os anteriores ele perdera-os, ou apontara por cima palavras-chave para os seus discursos, ou assoara-se a eles ou colocara-os debaixo de uma garrafa de vinho para não sujar a mesa, enfim: o Chefe distraía-se. Tinha, no entanto, certos cuidados. Por exemplo: limpava todas as humidades e nódoas líquidas – vinho e outras substâncias – apenas com a parte do mapa que representava o interior do país – a zona mais seca.

Gonçalo M. Tavares (2005). O Senhor Kraus. Lisboa: Caminho. p. 45.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Notes from a Small Island

Bill Bryson



Bill Bryson (1995). Notes from a Small Island. London: Black Swan. pp. 109-110.
 
 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012


Viagem de Arthur Conan Doyle ao Árctico

“Em 1880, interrompeu os estudos em Medicina para embarcar num baleeiro. Dangerous Work: Diary of an Arctic Adventure, o registo dessa viagem, vai agora ser publicado. Sherlock Holmes ainda não existia.” (Publico, 24.08.2012, p.22)
Conan Doyle (terceiro a contar da esquerda) a bordo do baleeiro Hope.
Páginas do diário.
Imagens divulgadas no Público (24.08.2012) por cortesia da Biblioteca Britânica e do Conan Doyle Estate.