terça-feira, 22 de maio de 2012


João Garcia de Guilhade

Ai dona fea, fostes-vos queixar
que vos nunca louv'en[o] meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei todavia;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!

Dona fea, se Deus mi pardom,
pois havedes [a]tam gram coraçom
que vos eu loe, em esta razom
vos quero já loar todavia;
e vedes qual será a loaçom:
       dona fea, velha e sandia!

Dona fea, nunca vos eu loei
em meu trobar, pero muito trobei;
mais ora já um bom cantar farei
em que vos loarei todavia;
e direi-vos como vos loarei:
dona fea, velha e sandia!



Fonte: João Garcia de Guilhade (s.d.). “Ai dona fea, fostes-vos queixar”. Cantigas Medievais Galeco-Portuguesas. Disponível em: http://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1520&tamanho=13 (consultado a 20 de maio de 2012).






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