A meio da noite
Desperto no escuro,
um gato por guia,
e saio de casa,
p'ra noite fria.
Agora há tempo
para uma surtida,
que a noite é uma casa
larga e comprida.
Ouvidos alerta,
tão fino o olfato:
latidos em eco,
odor de outros gatos.
Roçamos nas planatas,
ouvimos os grilos,
seguimos no escuro
veredas e brilhos.
Mais uma folhinha,
ali uma cova.
Na casa da noite
sabemos quem mora...
Sentados no muro
lavamos o pelo,
lambemos as patas
com todo o zelo.
Que bom acordar
a meio da noite,
sair (não é sonho!)
com um gato por guia.
E haver lá no alto
a lua, as estrelas,
parar no escuro
a olhar para elas.
Mésseder, João Pedro (texto) e Manuela Bacelar (ilustração) (2012).
Gatos, Lagartos e outros poemas. Porto: Trampolim Edições: p. 24
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