Bocage
Vai-te, fera cruel, vai-te, inimiga,
Horror do mundo, escândalo da gente,
Que um férreo peito, uma alma que não sente,
Não merece a paixão que me afadiga.
O Céu te falte, a Terra te persiga,
Negras fúrias o Inferno te apresente,
E de baça tristeza o voraz dente
Morda o vil coração, que Amor não diga.
Disfarçados, mortíferos venenos
Entre licor suave em áurea taça
Mão vingativa te prepare ao menos;
E seja, seja tal tua desgraça,
Que ainda por mais leves, mais pequenos
Os meus tormentos invejar te faça.
Horror do mundo, escândalo da gente,
Que um férreo peito, uma alma que não sente,
Não merece a paixão que me afadiga.
O Céu te falte, a Terra te persiga,
Negras fúrias o Inferno te apresente,
E de baça tristeza o voraz dente
Morda o vil coração, que Amor não diga.
Disfarçados, mortíferos venenos
Entre licor suave em áurea taça
Mão vingativa te prepare ao menos;
E seja, seja tal tua desgraça,
Que ainda por mais leves, mais pequenos
Os meus tormentos invejar te faça.
Fonte: Bocage (s.d.). “Vai-te
fera cruel, vai-te inimiga”. In: Poesias.
S.l.: Círculo de Leitores, p. 11.
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