chegada:
abro a porta: espera-me o cansaço
de uma casa acabada.
Os passos tinham um desígnio
quando me sentava à janela
a ver a chuva a bater nas oliveiras
e a arvéola a recolher-se no telhado da varanda.
Tu empurravas a porta:
o som:
animal da tua passagem.
E eu reconhecia-te
na sombra trémula do lume
:
os ratos são as horas
da noite, sons da casa
a ruir: a insónia soletra
os números da morte
regressa límpido da viagem:
o silêncio é a história que tem para contar.
Rui Nunes (2011). A Mão do Oleiro. Lisboa: Relógio d’Água Editores. pp.31-32.
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