terça-feira, 27 de maio de 2014

Miguel Torga

Leiria, 10 de Abril de 1940.

Visita

Fui ver o mar.
Homem de pólo a pólo, vou
De vez em quando olhá-lo, enraizar
Em água este Marão que sou.

Da penedia triste
Pus-me o olhar aquele fundo
Dentro do qual existe
O coração do mundo.

E vi, horas a fio,
A sua angústia ser
Uma espécie de rio
Que não sabe correr.



Miguel Torga (2001). «Visita». In: Antologia Poética. Lisboa: Círculo de Leitores, p. 253.

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