pedra de mármore não digas: «Água, água!»,
porque se encontraste o que procuravas
perdeste-o e não começou ainda a tua procura;
e se tiveres sede, insensato, bebe as tuas palavras
pois é tudo o que tens: literatura,
nem sequer mistério, nem sequer sentido,
apenas uma coisa hipócrita e escura, o livro.
Não tenhas contra ele o coração endurecido,
aquilo que podes saber está noutro sítio.
O que o livro diz é não dito,
como uma paisagem entrando pela janela de um quarto vazio.
Notas
Vs. 1 e 2, do Talmude; v. 9, Villon; v. 12, Tchouang Tseu.
Extraído de Os Livros. Lisboa: Assírio & Alvim: 2003: p. 9
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