Como sabia todas as coisas e não tinha nada de novo para saber e conhecer, a sua vida era muito triste e desinteressante. Era uma vida sem espanto, onde nada de novo e surpreendente acontecia e todos os dias eram iguais a todos os dias. Mesmo coisas tão estranhas e misteriosas, como, por exemplo, os cortinados do quarto agitando-se, à noite, ou os móveis rangendo como se falassem uns com os outros, não tinham para ele qualquer mistério.
Às vezes apetecia ao sábio não saber qualquer coisa, poder perguntar a alguém qualquer coisa que não soubesse. Por exemplo, poder perguntar as horas; ou «Que dia é hoje?»; ou «Tem passado bem?» a alguém. Mas vivia fechado na sua Biblioteca e não tinha ninguém a quem perguntar nada. E, mesmo se tivesse, mal acabava de pensar numa pergunta, já sabia a resposta antes que lhe respondessem.
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Extraído de História do Sábio fechado na sua Biblioteca. Lisboa: Assírio & Alvim: 2009: p. 9.
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