No mínimo, uma vez por dia, o nosso velho gato preto
vem junto de nós, de uma forma que todos passamos a ver isso como um pedido
especial. Não quer ser alimentado, ou que o deixem sair ou algo do género. A
sua necessidade é de algo bem diferente.
Se tem um colo acessível, ele saltará para ele; se
não, é provável que permaneça ali, de pé, olhando-o suplicante, até que você
liberte o colo para ele. Uma vez ali, ele começa a vibrar, quase antes de lhe
afagar o dorso, coçar o queixo e repetir várias vezes que ele é um bom gatinho.
Então, o seu motor entra em rotação de verdade;
contorce-se para ficar confortável; esparrama-se. De vez em quando, um dos seus
ronrons foge-lhe ao controlo e transforma-se num ronco. Ele olha-nos com olhos
bem abertos de adoração e lança aquela longa e demorada piscadela de confiança
definitiva, própria dos gatos.
Ao fim de algum tempo, aos poucos, aquieta-se. Se
achar que pode, talvez fique no colo para uma soneca aconchegante. Mas é
igualmente provável que salte para o chão e vá perambular por aí e cuidar dos
seus afazeres. Em qualquer das hipóteses, está a sentir-se bem.
A nossa filha resume tudo isso numa frase simples:
«O Blackie precisa de ser afagado.»
No nosso lar ele não é o único que tem essa
necessidade: eu partilho dela e a minha mulher também. Sabemos que essa
necessidade não é exclusiva de nenhuma faixa etária. Ainda assim, uma vez que
sou professor e pai, associo-a especialmente aos jovens, com sua rápida e impulsiva
necessidade de um abraço, de um colo quente, uma mão segura, uma coberta bem
aconchegada, não porque algo esteja errado, não porque algo precise ser feito,
apenas porque este é o seu jeito de ser.
Há uma porção de coisas que eu gostaria de fazer por
todas as crianças. Se eu pudesse realizar apenas uma, seria esta: garantir a
cada criança em todos os lugares, pelo menos um bom afago todos os dias.
As crianças, como os gatos, precisam de tempo para
serem afagadas.
Fred T. Wilhelms
Canfield,
Jack, & Hansen, Mark V. (2002). Canja de Galinha para a Alma
(3ª ed.). Mem Martins: Lyon Edições. pp. 59-60.
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