O Barco Bêbado
Jean-Arthur Rimbaud
[excerto]
Mais doce que à criança as ácidas maçãs,
De água verde se inundava o meu casco de pinho
E nódoas de vinho azuis e vomições malsãs
Me lavou levando, âncora e leme, de caminho.
E desde logo fui banhado dentro deste Poema
De Mar infuso em estrelas, e tão latescente,
Devorador da imensa lazulita verde; onde, suprema,
Flutua uma afogada forma, às vezes descendente.
Plus douce qu’aux enfants la chair des pommes sûres
L’eau verte penetra ma coque de sapin
Et des taches de vins bleus et des vomissures
Me lava, dispersant gouvernail et grappin.
Et dès lors, je me suis baigné dans le Poème
De la Mer, infusé d’astres, et lactescent,
Dévorant les azurs verts; où, flottaison blême
Et ravie, un noyé pensif parfois descend.
Jean-Arthur Rimbaud (1985), O Braco Bêbado / Le Bateau Ivre. (Edição Bilingue; Pedro José Leal, Tad.). Lisboa, Hiena Editora. s/p.
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