quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dos perigos de as mulheres lerem demasiado
Elke Heidenreich
[…] se há uma coisa que os Estados unitários não toleram bem são cidadãos que lêem, Quem lê fica a reflectir, quem reflecte forma uma opinião, quem tem uma opinião pode dissidir, quem se torna dissidente passa a ser inimigo. É tão simples como isto.
«Está a ver por que razão os livros são odiados e temidos? Mostram o rosto da vida, com todos os seus poros. A mentalidade pequeno-burguesa, porém, quer rostos de cera, sem poros, sem cabelos, sem expressão.»
Trata-se de uma citação de um romance de ficção científica de Ray Bradbury, chamado Farenheit 451 e publicado em 1953, que mais tarde foi adaptado ao cinema por François Truffaut. O romance descreve um mundo em que os bombeiros já não apagam fogos, mas antes os ateiam. Fazem fogueiras de livros. Quem quer que possua livros ou os leia passa imediatamente a ser o inimigo público número um e, em determinadas circunstâncias, pode sem grandes delongas nem hesitações acabar também na fogueira. O comandante Beatty explica ao seu subordinado Guy Montag, sobre quem os livros exercem um secreto fascínio, o seguinte: «Um livro é uma arma carregada na casa ao lado. Queima-se. Tira-se a bala da arma. Abre-se uma brecha no espírito do homem.»
Elke Heidenreich (2005). Prefácio: Pequenas moscas! In Stefan Bollmann (2005). Mulheres que lêem são perigosas. p.13.

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