Mário Cesariny
aeroporto
a mala que segue viagem
assim como o avião
têm a grande vantagem
de não terem coração
só formas amplas - metais
de uma brancura de praia -
dentro vão sonhos a mais
é bom que a mala não caia
mala do sonho vais bem
assim deitada de lado?
chega-te a roupa que tens
ou chamamos o criado?
ou chamamos o fantasma
da queda livre no espaço,
vêrga do pássaro de aço
onde a poesia se espasma?
Mário Cesariny, «aeroporto», in: manual de prestidigitação. Lisboa: Assírio e Alvim, p. 75.
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